sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sexta-feira, 8 de Agosto de 2008

LICENÇA CONTESTADA DA SEMACE, MONTANHAS DE AREIA-GROSSA, COROA DO CURU E UMA AUDITORIA TÉCNICA DEPOIS DE TUDO

A constatação feita pelo Frente&Verso, sobre a irregularidade da licença concedida pela Semace à prefeitura de Paracuru, para extração de areia no estuário do rio Curu, já provocou troca de e-mails e encaminhamento de providências no âmbito do Governo do Estado.

O chefe de gabinete do governador Cid Gomes, Ivo Ferreira Gomes, às 10h05min de 01/08, determinou ao superintendente da Semace, Herbert de Vasconcelos Rocha, analisar o problema.

Cinco dias depois, esta autoridade determinou ao coordenador do COPAM, Arilo dos Santos Veras Júnior, "nova fiscalização (preferencialmente de um geólogo) para verificar a pertinência da autorização ambiental emitida".

Como resultado, foi designado o geólogo Pedro Wilson Vasconcelos, para realização de inspeção técnica no local.

As duas últimas autoridades é que assinaram a autorização contestada por este blogue. Não ficou claro quais os fundamentos técnicos e legais para emissão inicial do documento, em abril último, sem maiores cautelas, tampouco quem teria determinado a fiscalização extraordinária logo após a nossa documentada e ilustrada denúncia.

Das fontes locais de informação, soubemos que a equipe auditora não encontrou documento que justificasse a licença, no local, vai à delegacia com o tratorista e aparecem o prefeito e o secretário do meio ambiente (?) locais munidos do tal papel, "com cópia para quem quiser".

Não faz muito tempo, a área já foi notificada e lavrada multa pelo IBAMA, o que caracteriza reincidência. Pela lógica, o laudo geológico deveria ser antecedido de parecer sobre legalidade, com recomendação suspensiva ou anulatória.

Algo como 5.000 (CINCO MIL) CARRADAS de areia totaliza a extração pretendida e anunciada, que está sendo deslocada para Paracuru e Paraipaba por carros de serviço público ou vinculados por prestação de serviços/locação e também por particulares, cujos locais de descarregamento são notórios e badalados, tanto de lá como de cá e pelos que agradecem sua recepção.

O que é coroa ou croa? Coroa, ou croa, é uma palavra com 21 sentidos específicos e entra na formação de pelo menos 19 expressões na astronomia, anatomia, religião, biologia etc. Neste caso, segundo o Aurélio, baixio, persistente ou temporário, produzido por aluviões, nos estuários e no baixo curso dos rios e lagoas; croinha.

Croa dos Pinhões, que integra a área de proteção do estuário do rio Curu e donde sai a areia sob questionamento de autorização viciada e uso indevido, deve a denominação, por certo, à presença do vegetal com este nome, o pinhão-brabo, de cor verde; e o pinhão-roxo.

E os pinhões? Nos rituais dos cultos afro-brasileiros, o pinhão-branco é aplicado em banhos fortes misturadas com aroeira, possuindo o grande valor de quebrar magias e em algumas ocasiões substituir o sacrifício de Exu. Suas sementes são usadas pelo povo como purgativo. O leite encontrado por dentro dos galhos é de grande eficácia colocado sobre a erisipela; possui uma nódoa que mancha tecidos.

Quanto ao pinhão-roxo, --
pinhão-de-purga, pinhão-paraguaio, pinhão-bravo, pinhão, pião, pião-roxo, mamoninho, purgante-de-cavalo -- possui as mesmas aplicações nos rituais do pinhão-branco, além de ser poderoso nos banhos de descarrego e limpeza, também em sacudimentos domiciliares, usando-se os galhos. Não possui uso popular. Crendices levam muitos a plantarem o pinhão-roxo na parte fronteira das casas e propriedades, para protegê-las de energias negativas.

A ingestão do fruto causa náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia mucosa e até sanguinolenta, dispnéia, arritmia e parada cardíaca. É da família das carrapateiras nordestinas e dos carrapatos (vegetais, os roxos).


O começo de uma lenda Correu de boca em boca, na costa do Paracuru, o encalhe de um imenso veleiro. Depois, já um pouquinho menor: um iate. Os primeiros que acorreram ao local se decepcionaram com o visto e os novos relatos desestimularam a curiosidade popular. Pique Y MA, numerado 7537, maltratado barco de fibra de pequeno porte, tripulado por um ucraniano, colidiu, manhã de ontem, durante a maré alta, com o banco de pedras da praia do Vapor, a 8km do centro de Paracuru. Bastante inquieto e amargando o fim do seu plano de viagem, posto água abaixo por um cochilo, disse, em francês arrastado, ser refugiado político asilado na França, onde mora há alguns anos. Vindo da Europa, possivelmente via Cabo Verde, -- sabe Deus como! -- pensava em encontrar um lugar de paisagem nativa da costa nordestina, para refazer-se do cansaço. Seu destino seria Caiena, a capital da Guiana Francesa, na fronteira do Norte do Brasil. Esteve no local do sinistro o presidente da colônia de pescadores, que não domina a língua do náufrago, mas tomou a iniciativa de comunicar o fato à capitania dos portos. A embarcação não tinha motor nem qualquer instrumento de navegação, mas apenas duas pequenas velas de tecido com uma simbologia desconhecida, um remo e a ajuda das correntes marítimas. O seu tripulante, já menos tenso, selecionava alguma roupa em meio a um amontoado de panos, frascos e latas que forravam o barco. Não demorou muito e foi-se embora para Fortaleza. Não há conhecimento de algum registro oficial da ocorrência no município. Soube-se que o ucraniano revelou não dispor de dinheiro suficiente para deslocar-se para o exterior de avião. Não perguntaram ao náufrago, de presumíveis 50 anos de idade, o seu nome, mas não poderá deixar de ser Aleksander, Serguei, Ivan, Andrei, Viktor ou Igor, que são os quase únicos nomes dos homens no seu país de origem. A partir destes fatos inusitados se formam novas lendas que passarão a freqüentar o imaginário popular...

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